sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Três Segundos

Era um dia, como outro qualquer
Qual não é? Afinal.
Andando sem rumo
Calçadas se transformam em consolo
O vazio não se importa mais,
Permanece realista diante dos fatos, 
Diferentemente de mim

Enquanto buscava só um sentido
Saltavam oportunidades para mim
Encaravam minha face,
Repetindo dizeres maldosos
Confrontando minhas decepções
Enaltecendo a minha coragem para um fim

A meta, enquanto isso, permanecia irreal
Aquele coelho que te mostrei
Fora tirado da minha cartola
Enquanto todos riam de mim
Desespero tomou conta da minha alma
Um buscar incansável do estar
Envolvido e ciente
Crente

Missões fracassadas de um carente
Enxergando um mundo sem cores,
Pelo mesmo motivo que chorou naquele dia
A solidão se tornara sua mãe

Quando alguém o sentia passar
Tinha medo, 
Pois era essa a intenção
Ocultar a verdade com imagens borradas
Sem perceber se afundava cada vez mais

Nunca acreditou no amor
No fundo sabia que nunca seria o suficiente
Tinha medo de se tornar um monstro
Por isso guardava uma arma na gaveta
Se a bomba estourasse,
Ele se mataria,
Evitando assim a dor do mundo,
Em perder o seu menino feio

Foi ali, naquele dia,
Naquela tarde harmoniosa
Que o seu céu desabaria ainda mais
Desajeitado por caminhar só
Sem opções, procurando uma forma de fingir,
Estar bem consigo mesmo,
Quando nenhum sentir o comovia
Os fones de ouvido protegendo-o,
O preto o escondendo,
O cabelo minuciosamente alinhado,
Sendo confiante ao extremo,
Quase um ser humano intocável,
Refletindo um ser inexistente,
Ele então encontra o seu amor

Troca de olhares, 
Sem saber ao certo sua postura
A confiança se fora, 
Tão profunda quanto seu rosto rosado,
Delicada como seu olhar doce,
Só poderia estar morto
Tamanha beleza só podia ser uma brincadeira do universo
O arrogante ateu resgatou o seu inverso
Ensimesmado com suas dores diminutas
Ele mesmo não parecia o bastante
O tempo que teimava ser detestável,
Parou e deu mais tempo para a contemplação de um milagre
Seus pensamentos primitivos,
Deram lugar ao cavalheirismo

Um duelo infinito entre o sentimento e a atitude,
Fez dele o ser humano mais triste do mundo,
Se achava incapaz,
Não se sentia merecedor,
Suas mãos suavam de agonia,
As reflexões pessimistas foram para bem longe
Olhou atentamente para os lados, 
Ninguém percebia nada
Tornou-se a olhar aquele anjo
Ela tinha partido

Seu coração começou a tremer,
Sua face a cada segundo se tornava mais deformada,
Na sua boca só havia gritos de socorro
Aos poucos foi se tornando ninguém,
Virando pó

Cada pedaço do seu odioso ser,
Deixava o mundo, sem pressa
Degustando a angústia de uma vida perdida
Por algum motivo sentia a dor de perder um tempo infinito
Cujo momentos transcenderam o agora
Podia enxergar algo imensurável
Pela primeira vez se sentiu despido

Estava partindo, para um lugar nenhum
Chegou a vez do seu olhar,
Tudo estava se desfazendo,
Lembrou dos finais de semana na praia,
Sentando vendo o por do sol
Imaginando o dia que seria feliz com alguém
Esse alguém existiu, ele sente
Mas ele só foi capaz de sentir por três segundo

Por último o seu coração
Pulsando no chão
Pôde ainda pensar na moça
Por mais que tentasse,
Não conseguia se lembrar dos seus detalhes
Os ventos traziam as sensações
Movido por uma certeza intocável,
Tudo o que haviam vivido,
Valeu a pena


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