terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ida, 2014


"Ida" novo filme do diretor Pawel Pawlikowski, está envolto do sentimento de busca por descobertas. A personagem procurando a origem e história da sua família é um pretexto para acompanharmos as necessidades de uma inocente em viver experiências. Não a toa, o filme deixa claro o oposto entre a menina e sua tia, que se envolve com vários homens e chama a si mesmo de puta, enquanto a pequena ruivinha, virginal, é classificada como santa.

Estaria, nessa cena em questão, a menina se envolvendo, sem perceber, com o mundo da sua tia? Ou percebendo que, do mundo, ela pouco extraio até então, senão os muros do convento? Bem, o fato é que Anna fora criada pelas madres, em uma vida cercada por regras e proibições, tornando-a uma figura extremamente frágil. Um exemplo seria as inúmeras insinuações da sua tia sobre os seus desejos sexuais. 

A fotografia e o uso de câmera são calculados, é incrível. Começamos e terminamos com um preto e branco maravilhoso ressaltando, entre outras coisas, a limitação de cores que a protagonista tem sobre o meio. Ainda mais, a câmera é posicionada de modo que a garota esteja sempre na parte inferior, como se o mundo/quadros devorassem a sua imagem, em muitos momentos ela é mostrada como se fosse uma criança, com base ao posicionamento da filmagem. Aliás, curiosamente, no ato sexual, que representaria um momento de desprendimento total, é uma das primeiras vezes que vemos Anna no quadro inteiro, simbolizando um domínio sobre o seu próprio corpo/alma/objetivo.

No final do filme ficamos com a sensação de que "Ida" acrescenta ao limite uma oportunidade de ser ilimitado. Desde o querer, até o próprio exemplo. Uma vida de mentiras e sentimentos que servem como base para um "auto descobrimento" onde as coisas julgadas como erradas soam um alívio para essa doce e enigmática personagem. Merece muito as premiações que está e irá disputar, como o Globo de Ouro e Oscar.

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