sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

#12 - Assisti na Semana

The Taking of Deborah Logan, 2014

Mia Medina (Michelle Ang) finalmente encontrou o tema perfeito para o filme de sua tese de doutorado sobre a Doença de Alzheimer. Nos próximos meses, as câmeras irão gravar o cotidiano de uma mãe, Deborah Logan (Jill Larson), e sua filha, Sarah (Anne Ramsay). Mas conforme os dias progridem, coisas estranhas começam a acontecer em torno de Deborah que não são compatíveis com quaisquer conclusões sobre a doença de Alzheimer. Torna-se evidente que há algo além do Alzheimer, que assumiu o controle da vida de Deborah. É um mal muito pior do que a debilitante doença com o qual ela foi diagnosticada.

Essa onda de filmes Found Footage não acaba mesmo, eu sempre vi muito potencial nessa ideia, acho interessantíssimo alguns filmes nesse estilo, porém, alguns péssimos exemplos desanimam muito. É claro que rende bastante, o custo é baixo para a realização de um filme com câmera na mão, mas para mim o que deveria prevalecer mesmo é o realismo que esses filmes são capazes de provocar e que muitas vezes é esquecido.
 The Taking of Deborah Logan talvez seja uma pequena exceção no meio de um monte de filmes ruins, isso porque ele parte de uma ideia muito presente/palpável - uma doença - e vai, aos poucos, mostrando que a própria doença é só um começo. A atuação da Jill Larson, que faz a senhora do título, é muito boa, debilitada ao extremo, causando um pequeno mal estar com tamanha entrega. Um dos melhores filmes de terror do ano.
No Tears for the Dead, 2014


Abandonado por sua mãe logo depois de imigrar para a América, Gon é criado pela máfia e cresce para se tornar um assassino de sangue frio. Assolado pela culpa por matar acidentalmente uma jovem inocente, a situação torna-se ainda mais difícil quando o seu chefe atribui a ele o trabalho de matar a mãe da jovem. Novo alvo do Gon, Mo-Kyung, uma gestora de risco em uma empresa de investimento, enterrou-se no trabalho durante seu sofrimento, e é completamente inconsciente de seu papel no centro de uma conspiração perigosa. Em seguida, ela conhece um homem que quer lhe dizer a verdade por trás da morte de sua filha.

Não é novidade para quem acompanha o blog, o meu fascínio pelo cinema Sul Coreano, tido para mim como um dos maiores do mundo. O realismo, brutalidade e simplicidade se encaixam de uma forma sublime. Jeong-beom Lee, diretor do maravilhoso, "O Homem de Lugar Nenhum" retorna em 2014 para o delírio dos fãs de filme do gênero policial, que por sinal está fazendo falta. Novamente se utiliza de uma personagem criança para traçar o destino de um homem, marcado pela morte e brutalidade, levando sensibilidade a um lobo. A menina que representa a própria redenção, se apresenta como uma entidade, que traz o desprendimento ao protagonista. No mais, o amor envolto de culpa que este tem com a mãe da garotinha é incrível. Sem dúvida um dos melhores filmes do ano.

Dois Dias, Uma Noite, 2014


Na Bélgica, Sandra (Marion Cotillard) ficou afastada do trabalho por depressão e, quando retorna, descobre que seus colegas aceitaram receber um bônus salarial no lugar de sua vaga. Agora, ela tem apenas um final de semana para fazê-los mudarem de ideia, para que ela possa manter seu emprego.

O novo filme dos irmãos Dardenne, especialistas na frieza da rotina, se sustenta em um elemento muito presente em "Rosetta", um dos seus trabalhos de maior elogios por parte da crítica, que seria o trabalho. Se em "Rosetta" a personagem se dedica exaustivamente a procura do emprego, aqui temos uma moça que, após ser derrubada pela depressão, busca se levantar através da dignidade do trabalho. Basicamente o que realmente importa é sua honra de tentar, não o resultado. Aliás, o apoio do marido, mesmo que sob desconfiança da esposa de que tudo está prestes a acabar, é interessante, pois ele surge como um motivador para ela, um porto seguro. Uma dor reprimida, se revela a cada demonstração de carinho que Sandra recebe dos colegas de trabalho, a atuação da Marion Cotillard é de assustar, desde o seu visual desleixado até o olhar, parece que está em um constante devaneio.

Susan e Jeremy - O Primeiro Amor, 1973


Jeremy tem 16 anos, vive em Nova York, é introvertido, inexperiente em questões amorosas, e ama seu violoncelo. Susan, 15 anos, nutre uma paixão sem limites pela dança clássica. Ela frequenta a mesma escola que Jeremy. Eles passam a se conhecer e descobrem-se apaixonados. O primeiro amor, os encontros, as alegrias e incertezas dessa descoberta narradas nunca simplicidade que soa desconcertante devido à sua verdade. A vida, no entanto, exige que o pai de Susan se transfira para Detroit levando-a para longe e o universo de sonhos que ambos construíam se quebra de maneira abrupta. O filme faturou o prêmio destinado aos diretores estreantes em Cannes.

Mais um filme que fala sobre a descoberta do amor e, consequentemente, a aceitação ao seu fim. O que se diferencia e, no mesmo tempo, me pareceu irritante, é o personagem do Jeremy, que é muito inseguro e bobão. A intenção, sem dúvida, era essa, mas é irritante as vezes. Mas é interessante, a trilha sonora é muito boa.

Se Eu Ficar, 2014

Mia Hall (Chloë Grace Moretz) acreditava que a decisão mais difícil que enfrentaria em sua vida seria ter que escolher entre seguir seus sonhos na escola de música Juilliard ou trilhar um caminho diferente para estar com o amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Mas o que deveria ter sido um passeio despreocupado com sua família muda tudo repentinamente e agora sua própria vida está em jogo. Quando se vê entre a vida e a morte, Mia tem pela frente apenas uma decisão que irá determinar não somente seu futuro, mas também seu destino.

Esse é o típico filme que eu assiti para passar o tempo e, pasmem, curti bastante. Não só pelo fato de achar a Chloe Moretz linda, aliás, ela ainda me parece perdida em meio a pepeis pouco interessantes comparado ao seu talento, como fica claro em "Kick-Ass", por exemplo. Ou talvez eu estava sensível ao ponto de me emocionar - de leve - com essa proposta de discutir as escolhas que tomamos na vida e, ainda mais, o relacionamento com o rockeirinho, que a aceita do jeito que ela é. Tá... talvez eu tenha me identificado bastante com ele, mesmo que o seu encatamento pela arte dela acontece quase que em um piscar de olhos, me parecendo meio idiota. Acredito que seja um filme na medida do "gostosinho" para assistir em um dia de chuva, comendo pipoca e com um lenço do lado.
Homens, Mulheres e Filhos, 2014


Homens, Mulheres e Filhos conta a história de um grupo de adolescentes do ensino médio e de seus pais, que tentam lidar com a forma como a internet mudou seus relacionamentos, a comunicação, suas imagens de si mesmos e suas vidas amorosas. Conforme cada personagem e relacionamento são testados, fica claro a variedade de caminhos que as pessoas escolhem – alguns trágicos, outros cheios de esperança – e que ninguém está imune a enorme mudança social que vem através de telefones, tablets e computadores. 

Jason Reitman volta a falar sobre um tema que ele trabalhou maravilhosamente bem em "Juno", o adolescente. O mais interessante é construir as diversas histórias que o filme apresenta nos moldes da comunicação na internet, mostrando o quanto as pessoas estão conectadas e, pior, dependentes do não toque. Até os pais, que teimam ser autoritários quando o assunto é internet, estão nela também, nem que seja para investigar o que andam fazendo enquanto navegam. Aliás, quando um dos meninos - que agora não me lembro o nome mas ele fez o carinha lá em "A Culpa é das Estrelas" - está no psicólogo, conversando que o mundo real, na linguagem dos RPGs, é chamado de "off". E é exatamente isso que está acontecendo, nossa vida real se tornando mais "off" e a nossa casa virtual "on". A comunicação se tornou dependente do afastamento. Há de se imaginar que o sexo, futuramente, será por meio da webcam e tão somente por ela. Você que vai assistir esse filme, faça um comparativo, como eu fiz, entre a juventude atual e a da década de 70/80 mostrada em filmes como "Jovens Loucos e Rebeldes" ou o próprio "Clube dos Cinco"... a diferença é assustadora e, fica entre nós, eu sou bem mais adapto da antiga. Sorte minha que, mesmo dentro das minhas limitações, eu tentei e tendo preservar o toque. 

Para Sempre Alice, 2014


Alice Howland, uma bem-casada mãe de três filhos adultos, é uma renomada professora de linguística, que começa a esquecer as palavras. Ao receber um diagnóstico devastador de Mal de Alzheimer, Alice e sua família terão seus laços testados.

Julianne Moore se deu muito bem nesse ano, provando mais uma vez sua capacidade de atuar exagerado e extremamente calculado, de forma que nunca passa do limite. Provavelmente será indicada ao Oscar e, para mim, mais que merecido. Sua personagem, que é terrívelmente lúcida sobre o que está acontecendo, passa um desespero controlado, de modo que a dor chegue até nós, meros espectadores, que estamos diante de uma rua sem saída, como a própria personagem diz, "aprendendo a perder todos os dias", fica evidente esse sentimento e, tenho certeza, que passar por isso deve ser uma das piores experiências que existem pois, nós, seres humanos, somos e só temos lembranças, abalando toda uma existência de história e conquistas. Excelente reflexão e que gostoso poder se deliciar com a Julianne Moore no auge da maturidade artística!

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