segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Clube do Nada


Quando assisti "Clube da Luta" pela primeira vez foi... nossa, foi louco. Até então "Magnólia" mexeu com o meu coração, 4-Ever Lilya despertou minha sensibilidade, "Sozinho Contra todos" moldou o meu senso de realismo, "Felicidade" transformou a minha cabeça. Mas, quando vi "Clube da Luta", um filme bem mais conhecido e discutido por "entendedores da cultura pop" eu posso dizer, com certeza, que ele mexeu com o meu instinto.
Lembra daquele episódio sensacional de Breaking Bad? Rapid Dog? Então, parando pra pensar, existe um cão raivoso dentro de cada um. Somos animais que, por ironia do destino, aprendemos a pensar, sorrir e, pior, aprendemos a conhecer o tempo e sabemos - alguns sabem, óbvio -  que o tempo está acabando nesse exato momento. Somos os únicos bichos que tem conhecimento da morte e isso, querendo ou não, muda tudo.

O que é o conhecimento?

Engraçado, eu ouvi muito falar de conhecimento na faculdade. E, talvez, eu tenha me influenciado muito pelo meu cão pastor, pois eu cago pra qualquer pensador que se vangloria por mudar a história do mundo com suas teorias e inventos. Eu cago. Eu cago para regras. Se eu sigo? Claro. Mas eu cago. Meu cão raivoso, com a boca cheia de baba, mostra os dentes para diplomados que, do diploma, se tornaram dependentes.

Temos nossa vida, cada um tem - ou deveria ter? - pra cuidar. Para resolver. Para acabar. Então, foda-se a segunda guerra mundial. Existe um guerra dentro do ser que é infinitamente maior que essa babaquice toda. Aliás, a babaquice fora resultado da própria guerra interior.

As cidades já foram construídas, casas já foram feitas e as estradas estão ai. Resta-nos destruir, só isso. Não é difícil. Não deveria ser, mas se torna. Porque é difícil viver aqui? O que essa merda tem que me faz pensar mais do que agir? Porque raios me preocupo? Isso é uma regra escondida? Quando eu estava no paraíso dos bebês veio um anjo negro e disse:

- Vai. Se sinta angustiado e reflita sobre a sua vida de merda enquanto o mundo anda a caminho do fim.

O que é o conhecimento? Para você, louco que está lendo o que escrevi há dias, eu posso ter morrido na semana passada e meus textos chegaram até os seus olhos, você leu e não entendeu porra nenhuma. Ou melhor, entendeu. Pois é um angustiado assim como eu. Procura verdades não é? Não se entende. Tem medo. Vive sua vida pacata todos os dias. É obrigado a pedir licença, por favor, sorrir para o patrão só para conseguir se estabilizar. Bem, saiba que, sorrisos falsos faz de você uma prostituta. 

Porque eu amo cinema? Há, puta merda. Uma industria de filhos da puta que fazem um filme ridículo de super heróis para ganhar dinheiro dos fãs de quadrinhos que, esses sim, possuem alguma coisa relevante além de poderes e piadas. Que isso? Estou gritando para o mundo que quero ser roubado? Vou baixar, fazer download, compartilhar esse filme e todos que se danem. Será?

Além disso, existe uma classe pior. Os críticos. Analisam os filmes jornalisticamente/formatadamente/cretinamente/acham-que-sabem-tudo-mente/porcamente/porque mente?

Enfim, a vida é assim. Você vive, por mais simples que seja sua vida, e sempre terá um que criticará a sua obra. Somos um bando de críticos que porra nenhuma. Cão, babão, raivoso e crítico. 

Conhecimento? Não sei ainda. Espera, deixa eu fumar mais um pouco. Não, pera. Não me importo com o que é conhecimento. Acho, inclusive, engraçado aquela frase que rola muito no Facebook ( inferno ): "entendedores entenderão". Haha. É, entender é tão banal quanto essa frase. Conhecer é pior ainda. Conhecimento te faz menos humano. Começa a achar que o mundo é só as porcarias que lê. Auto ajudas de merda. As pessoas que os escrevem são tão fodidos quanto você.  Vai pro inferno com auto ajudas. Facebook!?

Internet, criança e inferno.

Para você, criatura com medos de 12 anos, vou te dizer uma coisa: Houve um tempo, não muito longe do seu tempinho, que ser criança significava, literalmente, ser criança. É, engraçado. Eu sei. Pode dar risada o quanto quiser. Mas você virou um robô com corpo de bebê.

Eu cresci na roça. Nossa! Que delícia! Pés no chão, descalço, jogando bola na rua, soltando pipa, correndo, maluco. Contato com a terra. A terra nos entendia e era uma relação saudável. Até que, certo dia, um coleguinha nos chamou para sua casa e, bem, nossa é até difícil falar, ele apresentou uma coisa magnífica e estranha para as, até então, crianças. Ele mostrou um aparelho chamado: Vídeo Game. Assim mesmo, V.I.D.E.O G.A.M.E. Meu deus, aquilo era perfeito, então com meus 13/14 anos a terra se tornou somente uma terra, comecei a usar tênis, parei de me sujar, parei de suar, parei de ser o Ronaldinho Gaúcho no futebol, parei, parei, parei, parei. Deram lugar a encontros com a molecada para, claro, jogar, mais e mais. 

Jogar e ser o jogo. O jogo do crescimento. Assim eu cresci, também, pelo computador. E pude acompanhar, infelizmente, o não crescimento de muitos bebês. Hoje temos crianças sendo adultas na internet. E, como adultos na internet, vão para realidade se sentindo formados. Prepara um miojo enquanto posta no instagram, claro. 

Cadê a infância? Cadê? Procuro no escuro e não encontro. Não deveria pensar sobre isso, como disse acima, pouco me importa, mas é que, na realidade, me importo sim. Me importo tanto que chega a doer. Não sei o porquê. As pessoas estão bem, estão felizes mas eu paro e me sinto angustiado por elas. O que eu faço então? Chamo o Tyler Durden? O meu cão raivoso? O quê?

Isso aqui que eu olho todos os dias é uma ilusão. O que eu vejo é só meu. Há algumas coisas que se tornam tão sinceras aos teus olhos que você toca o outro e pergunta "você tá vendo aquilo?" e ele responde que... não. Não enxerga. Mas deveria. Caso contrário me sentiria muito sozinho, como me sinto hoje.

Internet nos fez procurar estar próximo, mesmo estando longe. Paramos de olhar para exercitar os dedos. Temos milhares de contatos e nenhum ao mesmo tempo. Temos o poder de criar manifestações rapidamente, mas não temos a coragem dos nossos vovôs que, da terra, retiravam toda a sua força. Como disse, a terra se tornou só terra.

Internet é o jogo dos sete erros, um lado está a pessoa real e o outro a que ela se apresenta no seu perfil. Sempre sorrindo em baladas. Saia. bebidas. Belas roupas e maquiagem. Sim, você, menininha do facebook, está toda maquiada de mentira. Mentira de estar bem, de ter sido criança. Tira foto no espelho e nem ao menos entende o que a sua imagem representa para homens que, assim como você, possuem um bicho dentro de... então.

Somos reis e rainhas. No meu caso, sou um bobo da corte.

Com meus pés no ar e minha cabeça no chão eu diria que "Clube da Luta" é um filme sobre luta. Exatamente. Emerson vs Emerson. João vs João e assim por diante. Alguns se sentem presos outros fingem não perceber. A vida é assim, viramos a cara para a verdade.

Há tantas coisas para se pensar, tantas formas de dizer, mas eu não estou escrevendo sobre o filme, não estou falando do Brad Pitt ou David Fincher, estou falando de mim. De você. De nós. Um grande desabafo de um desabafo que anda. Que hoje escreve e as mensagens chega até você, o qual não conheço, e se divide. Mesmo que você já tenha fechado essa janela porque achou o texto mal escrito, ou algo do tipo. Enfim, não quero te agradar, eu quero me agradar e, nesse exato momento, não estou contente com o que escrevi. Então vou parar. Sem fim. 

Só digo uma coisa, até a próxima. E que ninguém se mexa, pois meu cérebro caiu. Foda-se.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

#05- Assisti na Semana ( Maratona de filmes )



Essa semana aproveitei para fazer uma maratona de filmes ( talvez a última que eu faça no ano, pelo menos tão frenético assim ) e, em três dias, assisti 20 filmes. Sem contar os outros dias. Enfim, junto a isso eu consegui os torrents de filmes que estava esperando dos principais filmes cogitados para o Oscar 2014.

Mas também aproveitei para assistir alguns clássicos interessantes. Uma ferramenta interessante do Filmow é a criação de listas. Vou colocar todos os filmes que eu ver no ano de 2014 ( aqui ) como fiz em 2013 ( aqui ). Esses filmes anotados são os que eu vi pela primeira vez/ vi há muito tempo e nem me lembrava. Ou seja, claro, tem muitos filmes que eu assisto umas 10 vezes ao ano e não anoto.

Vou fazer pequenas observações de alguns filmes que assisti na minha maratona:


Talvez um dos mais insanos do Takashi Miike. Falar do entendimento dele é um tanto quanto bizarro ( igual ao próprio filme ). Terminei de assistir, não me chocou, pelo contrário, eu amei a história dessa família. Tantos filmes que falam sobre a família e a situação dos jovens, o que acontece em Visitor Q é a mesma coisa. Mas, claro, a violência e o sexo são elementos para compor isso. Causando estranhamento e deve causar mesmo. O leite materno me deixou perplexo, a necrofilia, o incesto, o filho que bate na mãe e apanha na rua. Enfim, todas bizarrices nos mostra a fragilidade daquela família, sua desestrutura, e a própria realidade do mundo. Onde o sexo, droga e violência se revela como um desabafo dos jovens para com seus pais. 

O fato é que antes de assistir não tinha lido sinopse, não sabia nada. Fiz uma interpretação e depois procurei outras interpretações. Todas muito interessantes. É um filme sinistro.

Nota: 3/5 

Ata-me! ( 1990 )

Não sei por qual motivo ainda não tinha visto esse filme. Que delicia! Antonio Banderas é o cara, tem uma coisa no olhar dele que casa perfeitamente com o Almodóvar. Átame é uma homenagem ao filme "Bilbo", um dos primeiros do Bigas Luna.  
A naturalidade que cerca aquela situação nada normal é apaixonante. Estar preso e amando estar, o sequestrador chorando como criança por não ter o amor da moça. Enfim, ele foi fazendo, tomando atitudes mas nunca parou pra pensar nas consequências. Pelo simples fato de não ter. Com Almodóvar a donzela se apaixona simplesmente por não ter medo. Por ser viciada em sexo e ter encontrado na loucura a sua maior amiga. Viva a loucura! 

"Lucidez é um acesso de loucura ao contrário"

Nota: 5/5

A Passagem ( 2005 )

Não sei por qual motivo, mas desde que vi imagens desse filme eu quis assistir e sabia que era bom. Estava pesquisando pelos trabalhos do Ryan Gosling ( um dos melhores atores da sua geração ) e me surpreendi quando encontrei dois tesouros, esse "A Passagem" e "Tolerância Zero". A Passagem é uma homenagem clara ao David Lynch mas isso não tira o fato de ser bom. Não o vejo como inovador, a ideia principal já foi usada outras vezes ( me lembro de poucos ) mas tudo se encaixa perfeitamente. Não paramos de assistir por estar monótono ou difícil de entender, pelo contrário, há alguns detalhes mínimos que são bacanas de se notar.

Para quem já assistiu: O personagem do Ryan Gosling está imaginando toda uma vida, usando todos os elementos que estão a sua volta em um acidente de carro, certo? O Dr. Sam ( Ewan Mcgregor ) está abaixado o ajudando o rapaz junto com a Lila ( personagem da Naomi Watts ), certo? Pois bem, agora assista de novo e veja que as calças do doutor são curtas o filme todo. Eu não entendia o porquê disso. E me achei um gênio ao fisgar isso ( ^__^ ) 

Outra coisa são as vozes que, no primeiro encontro com o psicólogo, o rapaz menciona ouvir. Essas vozes são as pessoas ao redor do carro, no acidente. Assim como a menina que ele era apaixonado, que trabalhava na lanchonete, pode muito bem representar a Naomi Watts, a qual ele pede em casamento. Nossa, que cena é essa. Emocionante. Um pedido de casamento pelo simples fato de faze-lo enquanto é tempo. 

Nota: 4/5

Tolerância Zero ( 2001 )

Protagonizado por Ryan Gosling, esse tesouro passa por um tema muito explorado - quase todo ano tem um filme que fala sobre a questão, direta ou indiretamente - mas tem dois pontos que o fazem destacar: Atuação e um personagem bem desenvolvido.

Muito parecido com "A Outra História Americana", Tolerância Zero nos apresenta um jovem que estudava em uma escola judaica e, com o passar do tempo, começa a odiar tudo isso e se torna um anti-semita. Então, no desenrolar temos esse drama do personagem, em tentar passar por cima do seu passado no mesmo tempo que sempre retorna a ele, nem que seja na sua própria fúria. Muito interessante o desfecho dessa história.

Nota: 3/5

Bilbao ( 1978 )

Eu, fã do Bigas Luna, estava procurando esse filme há muito tempo. A história chamou minha atenção. Um homem começa a desenvolver uma paixão/obsessão por uma prostituta, ao ponto de seguir seus passos e sequestra-la. Bem, é isso. Bilbao é bem experimental, dá para ver elementos que viriam a fazer parte do trabalho do diretor, não só no ótimo "Jamón, Jamón" como no "Os Olhos da Cidade São Meus", tem um clima meio claustrofóbico. Enfim, vale pela experiencia mesmo. Achei um pouco cansativo.

Nota: 3/5

Robotrix ( 1991 )

Filme chinês com muitos peitos, mulheres lutando, "robôs", história credita, enfim. Altas diversões. Uma policial morre e, para combater um senhor malvado que se transformou em um robô fodão, cientistas gostosas a transformam em um robô também. Com super força, velocidade e fome por sexo. Claro, porque robôs também tem direito de sentir prazer em seus parafusos. Diversão garantida. Assistam essa pérola do cinema chinês que, inclusive, foi muito censurado em seu lançamento.

Nota: 3/5 


Filme doce sobre a amizade, namoro, paixão, amizade colorida, beijo, amasso, ter, não ter, querer, não poder querer etc. Tudo para ser clichê mas, alguns filmes, conseguem ser usar o clichê ao seu favor. Criando alguns elementos que sustentem a eventual mesmice no roteiro. Criar uma história de romance seja amizade ou não, sempre vai usar o que já tem, porque relacionamentos são iguais. O que difere são as pessoas as quais nos relacionamos. E são elas que muda tudo. O beijo muda, então é um elemento. O confiança muda, então é outro elemento. Enfim, a química dos protagonistas, a sinceridade dos acontecimentos, tudo faz com que seja diferente dos demais. O bom clichê. Celeste e Jesse são lindos, há momentos suaves e verdadeiros, como as brincadeiras que os dois fazem ou a preocupação de ambos. 

" Eu posso acreditar que eu vou ter um filho e não é com você"

Nota: 4/5

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Top 10 2013



Drinking Buddies
Frances Ha
Amor sem Pecado
Sharknado
Os Suspeitos
Azul é a Cor mais Quente
A Caça
Pelos Olhos de Maisie
Antes da Meia-Noite
O Mestre

Em 2013 consegui assistir 232 filmes. Muito abaixo dos últimos 5 anos, onde cheguei, inclusive, a bater a marca de 500. Essa lista é baseada no que eu vi, infelizmente não consegui ver Blue Jasmine do meu amor Woody Allen, por exemplo. Citaria como consideração os filmes: O Sistema ( Zal Batmanglij ), O Lugar Onde Tudo Termina ( Derek Cianfrance ), Guerra Mundial Z ( Marc Foster ), Thongsook 13 ( Taweewat Wantha ), Invocação do Mal ( James Wan ), Boven is het stil ( Nanouk Leopold ) e Don Jon ( Gordon-Levitt )

Uma carta ao cinema


O ano de 2013 foi inesquecível para mim. Foi o primeiro passo de uma vida perdida, em busca de um lugar para se manter em pé. No fim é sempre assim, procuramos o nosso lugar nenhum. Nada e tudo é os avanços que temos no ano. Claro, isso depende do ponto de vista de cada um, afinal, conquista é algo altamente individual. 

Eu conquistei muito. Tive a oportunidade de visitar o meu passado e descobrir melhor o porquê do cinema na minha vida, desde tão novo. Me descobri. Fui descoberto. Errei e erraram. Fui precoce.

Ouvi histórias de pessoas, pessoas invisíveis. Das quais, por um motivo especial, compartilharam seus corações para mim. Sinto que pude/posso ajudar de alguma forma. Isso faz de mim alguém com um objetivo. Me fez pensar que não preciso de um lugar para ser, posso ser em qualquer lugar. 

Cinema, viva o cinema ( leia-se vida ), mais um ano como teu amigo, homem, mulher, pai, filho, mãe, irmão. Meu querido tudo, somos um. Me ajudou em tempos difíceis, me criou no escuro das suas salas, me fez ser ator, me fez. Sinto-me filho do audiovisual. Sinto-me audiovisual. Sinto-me assistido. 

Esse ano criei esse humilde blog. Com a inocente ideia de compartilhar o cinema que eu amo. Sinto que consegui, de uma for ou de outra. Ainda procuro outras formas, mas acredito que comecei bem, afinal, recebi e-mails bem emocionantes de pessoas que me leram e gostaram/ se identificaram de alguma forma. Gente, eu não escrevo, sussurro no ouvido.  Nunca quis escrever sobre cinema, o que faço é só o que faço: desabafar. Seja sobre a vida, sexo, pessoas, amor etc.

Sinta-se próximo. Mesmo estando longe.

Esse ano participei, também, de alguns podcasts. Em especial do Masmorracast, Cinecast e Noidecast ( do meu querido amigo Rafael Tanaka, o cara que conheci esse ano e passei muitas horas conversando com ele, sobre tudo ). Muito obrigado a todos vocês, sério mesmo.

Conheci gente boa como o José Bruno Ap Silva, do blog Sublime Irrealidade, que me faz muito bem em ler seus textos. Sempre muito inteligentes. O pessoal do Podtrash, que me faz rir muito/ pesquisar por porcarias inacreditáveis. Beijo especial para os irmãos Douglas e Bruno Gunter, que tive oportunidade de conversar em podcasts. 

Enfim, muito obrigado à todos, citados ou não. E feliz ano novo.
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