sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Terror no cinema: O Caso de Anneliese Michel

Anneliese Michel



Anneliese nasceu em 21 de setembro de 1952 em uma pequena cidade da Alemanha. Até hoje sua história é um pontapé inicial para a discussão sobre até onde vai o conhecimento da ciência e religião e qual é o mais adequado em determinados momentos de sua vida.
Não pretendo me aprofundar no seu caso – até porque o meu ceticismo poderia comprometer a experiência de alguém com os filmes – mas queria levantar alguns dados importantes:
Como disse, anneliese nasceu em uma cidade pequena e seus pais eram muito religiosos, sendo assim, ela foi criada em base a doutrina católica. Com o passar do tempo, aos dezesseis anos, Anneliese sofreu uma grave convulsão e foi diagnosticada com epilepsia. Logo ela começou a ter visões, ouvir vozes dizendo que ela queimaria do inferno e rejeitar qualquer  lugar ou objetos sagrados como água benta, crucifixos, igrejas… Ou seja, seu caso foi se agravando cada vez mais.
Depois de ser admitida em um hospital psiquiátrico a sua saúde não melhorou e, aos poucos, ela foi recorrendo à religião alegando que estava possuída e precisava ser exorcizada.
No fim, depois de passar por mais de 50 sessões de exorcismos e chegar ao ponto máximo de degradação, ela morreu por desnutrição e dizem que se ela continuasse com os tratamentos ainda estaria viva.
As perguntas são: Existe algo além do que a ciência pode compreender? Os problemas pelo qual ela passava eram distúrbios mentais ou possessão? Como distinguir o que são os distúrbios e o que é possessão?
Com base nessa discussão – que não necessariamente existe um fim – foi realizado dois filmes sobre o mesmo caso. Um se chama “O Exorcismo de Emily Rose” filme norte-americano de 2005 e o outro da Alemanha feito em 2006 chamado “Réquiem”.



O Exorcismo de Emily Rose


Criar um eficiente filme de terror não é tão simples como muitos imaginam. Claro, se assistimos a um filme de fantasmas esperamos pelos sustos, mas não é só os efeitos sonoros e aparições repentinas que sustentam a cena, poucos dão importância para o que é realmente importante e eu simplificaria aqui como: Atmosfera
‘O Exorcismo de Emily Rose” é um filme que quer assustar – deixa isso claro desde a primeira cena – mas isso não quer dizer que não traga alguns temas interessantes e discutíveis.
O filme começa nos mostrando a casa de Emily Rose, um ambiente isolado, cinzento e tenebroso, mais tarde veremos uma infestação de gatos que completará o visual depressivo do qual ela viveu seus últimos momentos.
Com o desenvolver da história, somos apresentados a um filme de tribunal, pois depois que Emily morreu o padre Moore, interpretado brilhantemente pelo Tom Wikinson – em todos os momentos o padre se mostra apreensivo, como se estivesse atormentado constantemente por visões macabras – é o suspeito da sua morte. Então a discussão começa e o filme se propõe a falar um pouco sobre os medicamentos e os problemas psicológicos de Emily e como teria sido sua vida se tivesse continuado e do outro lado, muito melhor explorado, o padre e a sua justificação do o porquê fez o exorcismo e querendo mostrar a todos a verdade sobre a história de Emily Rose.
Enfim, como escrevi, apesar de ter um leque de questionamentos possíveis sobre esses dois caminhos ( Doença mental e possessão ) o filme se preocupa em apenas um, não chega a ser um problema, acaba por se tornar uma limitação no roteiro, vendo que nas várias cenas intercaladas com o julgamento em que é mostrada a Emily e seus distúrbios o filme se prepara para provocar medo, e ao meu ver se sai muito bem, mas não há uma cena em que ela procure ajuda médica, por exemplo.
Como filme de terror que quer provocar medo e tem pequenas brechas de conteúdo reflexivo eu acredito que este ‘O Exorcismo de Emily Rose” seja ideal. As cores dos ambientes, figurinos, interpretações do já citado Tom Wikinson e as duas mulheres em destaque Laura Linney como a advogada do padre se envolvendo da trama do misticismo e colocando o seu ceticismo a prova e, claro, Jennifer Carpenter fazendo uma Emily Rose e seus “demônios internos” causarem pavor no público.

Requiem


Requiem é um filme Alemão de 2006, desconhecido por muitos e que trata sobre o mesmo caso verídico que inspirou o filme do ano anterior “O Exorcismo de Emily Rose”. Primeiro, esse não é um filme de terror, muito pelo contrário, ele se aproxima do drama.
Vamos por partes, o filme fala sobre a mesma garota – aqui com o nome diferente, atriz diferente, visual diferente, ou seja, esqueçam o filme norte-americano – só que a diferença é que acompanhamos a menina que sofre de epilepsia e tem problemas com a família e com o passar do tempo, influenciada pela sua falta de informação ( o filme se passa nos anos 70 ) e suas crenças, ela atribui as suas crises à demônios e sugere uma recuperação a base da religião.
O filme começa com a informação de que ela vai para uma universidade fora do seu vilarejo, morar sozinha, e já temos o conhecimento (não a causa) do seu péssimo relacionamento com a mãe, sendo que está é a mais contida com a informação e não se empolga com a evolução da filha.
Sem apelar em nenhum momento, o filme me parece um estudo interessante sobre o ser e o quanto somos inerentes a nossa criação e o que acreditamos. Visto que a mente humana nos direciona para aquilo o que aprendemos ao longo da vida, dificultando assim, atribuir certas coisas a problemas conhecidos pelo homem, ou algo além disso. O engraçado é que a resposta acaba sendo a própria pergunta, não sou um conhecedor de psicologia, mas tomo aqui a liberdade de expressar a minha opinião ou pergunta (dependendo do ponto de vista) que conseqüentemente resumirá todo esse assunto: Será que uma pessoa sem contato, descrente ou indiferente com a religião e seus demônios teria, em suas crises, algum tipo de ligação com possessão demoníaca? ou recorreria – se entregaria – a tratamentos médicos?
Não descarto as possibilidades de que algo além do que meus olhos podem ver possam existir. O fato é que nossa mente é uma das coisas mais complexas e real que existe. Se há histórias como a de Anneliese Michel é para lembrarmos disso.


6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Eu li toda essa resenha e sinceramente acho que os distúrbios psicológicos que essa pobre garota sofreu, resume-se à falta de amor, carinho, atenção e proteção dos seus pais, a falta de um irmão(ã) ou irmãos, a ausência de amigos e ou colegas de escola, um ambiente familiar mais aconchegante, ar puro, flores, jardins, passeios no campo, enfim, qualquer coisa que a afastasse do ambiente sombrio, frio, infestado de gatos, desamor, falta de diálogos, ostracismo total, falta do que fazer para ocupar a sua mente, culminando infelizmente com os seus pensamentos desequilibrados, e que tornaram-se uma constante em sua vida a ponto de ser essa pobre garota diagnosticada como demente ou possuída! Eu entendo que a epilepsia é uma doença física; consequentemente, deve-se recorrer à ciência em busca da cura. Ao contrário da possessão ou demência, que são distúrbios mentais. Os pais dessa garota são os seus verdadeiros assassinos; eles desistiram dela e levados por sua fé distorcida nos verdadeiros ensinamentos da Bíblia, recorreram ao padre em busca da "cura". Mas tudo o que ela precisava era de amor, carinho e proteção! Infelizmente, trataram-na como louca, e como tal, ela foi sucumbida até a morte! Não sei se estou louca (também), ou em devaneios pelo o que li dessa história, enfim.., sou um tanto cética quanto à doutrinas, possessões e distúrbios mentais. Prefiro acreditar na ciência; é mais palpável!

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  3. Concordo com você. E, se pensarmos, até hoje a imagem da menina é associada à possessão. Ou seja, teve toda a sua vida exposta.

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  4. Pois é.., coitadinha! Sabe Deus o que ela não sofreu nas mãos desses fanáticos e torturadores! Eles sim, estavam com a possessão, se é que existe!
    A propósito, eu sou a "Lu Janis" do Cinéfilos Uni-vos.., e também do Facebook, ok? Sempre que eu posso, leio os seus "blogs" (que eu sigo..), embora nem sempre eu os comente, por preguiça, eu confesso. Mas leio tudo, acredite!
    Obrigada por ser tão gentil!
    Abraços ...

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    Respostas
    1. Que legal! Eu participo de um podcast também, o CrossOver Digital ( Principalmente nos episódios sobre cinema ), se caso te interessar: http://www.crossoverdigital.com.br/ - Se um dia quiser gravar conosco, fique a vontade.
      Bem, fico imensamente feliz que leia os textos... é um blog pessoal com uma simples e ambiciosa intenção que seria "passar adiante". Então espero que possa ser útil. Obrigado mesmo pela companhia.

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  5. se ela foi realmente possuida e tambem for um fato veridico por um demonio ou uma entidade paranormal e morreu por isso então ela foi a unica pessoa do planeta incluindo todas as gerações seculos e milenios atras a ir ao inferno

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